A última foi esta madrugada. A sogra da minha irmã, não conseguiu resisitir a uma infecção que invadiu um corpo debilitado pelas inumeras transfusões de sangue que vinha sofrendo nos ultimos meses. E pensar que tinha desmarcado a hora na cabeleireira para mais tarde, para assim ter tempo de ir comprar uas prendinhas e o bacalhau para o Natal... Irónica a vida, como de repente nos corta e nos leva tudo, e tudo deixa de ter sentido...
Sem querer, vem-me á ideia o meu pai, os seus ultimos dias, e fico triste pois não consigo lembrar-me do último Natal que passei com ele... Não consigo....Por muito que o tempo passe tenho saudades e sinto tanta falta dele... Mas a vida lá segue, sem esperas de curas de dores que se curam em silêncio e internamente... E assim há-de continuar.
Amanhã irei acordar cedo, e ao invés do habitual, irei a caminho do aeroporto para buscar a minha irmã e o meu cunhado, não feliz, porque vêem passar mais um um Natal connosco, mas triste por uma viagem que tiveram que antecipar uma semana, por tão triste desfecho, e ao meu cunhado irei dizer-lhe o quanto percebo a angústia de não ter estado com a sua mãe nos últimos momentos, como as suas irmãs estiveram, acompanhando-a e apoiando-a no hospital, pois tal como ele, também eu não estive com o meu pai, que partiu sozinho e sem ninguém numa cama de hospital.
Da D. Fernanda muitas saudades irei ter, dos cafezinhos a meio da manhã, das nossas conversas, das suas piadas e das suas observações. Fica a admiração pela mulher e mãe que foi, sempre tentando que houvesse paz, harmonia e amizade na família, e pelos tempos que forçosamente teve que se afastar dos filhos, para lá fora, numa vida de emigrante, de muito trabalho, um dia mais tarde, nada lhes faltasse. Eu não me consigo nem imaginar assim, longe dos meus meninos, por isso penso o quanto deve ter sofrido nessa altura.
Fique bem D. Fernanda, descanse agora em paz, que nós nunca a esqueceremos...
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