Apesar de estarmos num país muçulmano, não nos falta o conforto espiritual cristão. Aqui em Tanger costumamos frequentar a Comunidade Espanhola e a sua Diocese de Tanger e, assistir à missa na Catedral Espanhola que este ano completou 50 anos. E é uma experiência muito rica podermos conviver e ter uma relação tão próxima, com os padres que aqui temos das mais diversas nacionalidades. Mexicanos, filipinos, polacos e, espanhóis são alguns exemplos... São pessoas que passam toda a sua vida em missão, e que já passaram pelos mais diversos países, e de todos eles trazem experiências riquíssimas que todos os domingos partilham connosco na Homilia. É de facto uma riqueza enorme, um alargar de horizontes ouvir a sua forma de ver a religião, o amor ao próximo, a tolerância e a aceitação para com os muçulmanos, por exemplo. E depois o trabalho que desenvolvem nas suas obras sociais... O apoio à comunidade marroquina, que apesar de muçulmana, recorre muito à igreja católica, pedindo ajuda para as suas carências mais básica.
No ano passado, os meus filhos tiveram o enorme privilégio de ter como catequista uma mulher fantástica espanhola, que veio para Tanger com o seu marido há 7 anos atrás para conduzir uma Associação com um trabalho notável, que passa principalmente por um processo de ajuda alimentícia, sanitária e escolarização de crianças carenciadas marroquinas. Inicialmente começou por acompanhar as crianças como tutora e terminou como administradora da Instituição. Infelizmente regressou a Espanha no Verão passado, pois decidiu que já tinham vivido uma experiência tão rica, que estava na hora de deixar espaço para que alguém mais viesse ter a mesma oportunidade de viver essa mesma experiência. Foi uma cerimónia lindíssima naquele domingo na Catedral, em que toda a comunidade se despediu dela e da famíla, pois chegaram dois e partiam, quatro, como ela dizia, porque nos anos que aqui passou, nasceram entretanto dois filhos.... O discurso de despedida do Bispo, a leitura de um pequeno texto de despedida dela, deixaram toda a gente com os olhos cheios de lágrimas e as vozes embargadas... No Hogar Lerchundi também houve uma festa de Fim de Ano Escolar, que assisti, e onde os outros tutores e as crianças lhes fizeram uma pequena homenagem, e apesar de todos falarem árabe e não entender quase nada, pude sentir a intensidade de sentimentos ali vivida por todas as crianças que tanto carinho demonstraram... Um mar de lágrimas foi o que foi...:)
Com ela vivi também uma das experiências mais interessantes da minha vida, quando me convidou para ir com ela e com uma senhora que é membro da Cáritas em Tanger, fazer uma visita a uma família carenciada (coisa que fazia frequentemente) que tinha pedido ajuda para melhorar a sua casa, que não tinha o mínimo de condições para viver uma família de pai, mãe e 4 filhos... Foi realmente uma viagem ao Marrocos carenciado, mas com carências de todo o tipo... não só monetário, mas também de vontades, de educação, de higiene, e pude viver o trabalho que depois desenvolvem em termos de educação de hábitos de higiene, de socialização, de instrução...
E porque falo disto aqui hoje? Pois porque sinto saudades dela, da nossa Rocio, do marido Juanje que fazia um trabalho notável com os miudos ensinando-lhes carpintaria, e dos pequeninos Pedro e Paula.
Entretanto já temos a Maria del Mar que veio substituí-la e que concerteza será também uma referência para nós. Mas todos estamos ansiosos por voltar a rever a Rocio e a família, pois ficou prometido que em breve nos faria uma visita.
Para ti, o nosso muito obrigada!!!
Aqui no Dia de Reis, numa festinha que organizou, enquadrada nas actividades da catequese...
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